As colmeias são cada vez menos visíveis em muitas localidades beirãs. Selada das Pedras não foge a essa realidade, mas, por enquanto, ainda se produz mel na nossa aldeia. Manuel Antunes é actualmente o único apicultor na nossa povoação.
Tendo começado muito jovem, Manuel Antunes, de 78 anos, desempenha esta tarefa há cerca de meio século: “Há perto de 50 anos que comecei a trabalhar nas colmeias. Este trabalho foi herança do meu pai. No início apenas o ajudava, depois acabei por ficar a tratar delas.”
Na fase inicial, ‘Ti Manel’ confessa que “tinha medo das abelhas”, contudo, a necessidade, por questões de saúde do seu progenitor, que “precisava de comer mel para lubrificar a garganta”, obrigou-o a trabalhar nas colmeias. Hoje em dia, esse receio já pertence ao passado. “Apanho muitas picadas, mas já nem sinto nada. É tudo uma questão de hábito…”, afirma tranquilamente.
Muitos consideram que esta actividade da apicultura é bastante complicada, mas Manuel Antunes refuta peremptoriamente esse cenário: “É preciso ter alguns cuidados, mas é uma tarefa fácil. Não é preciso ir às colmeias todos os dias, nem sequer todos os meses.”
“PRODUTIVIDADE É MUITO MAIOR DO QUE NO PASSADO”
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| Os tempos das colmeias em cortiça já ficaram para trás |
O desenvolvimento técnico, inerente ao passar dos anos, também se tem reflectido no sector da apicultura. Fruto desta evolução, têm aparecido novos utensílios e máquinas que contribuem para simplificar o trabalho humano e o das abelhas. Por conseguinte, este facto permite igualmente aumentar os níveis produtivos. “Antigamente as abelhas tinham que fazer a cera e agora já não necessitam de fazê-la. Hoje em dia têm a vida mais facilitada e isso contribui para aumentar a produtividade, que é muito maior do que no passado”, explica ‘Ti Manel’.
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| A evolução trouxe novos utensílios à apicultura, como os quadros |
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| Prensa |
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| Extractor |
E em termos numéricos, qual é a média anual de produção deste apicultor seladense? “Houve um ano em que cheguei a tirar 30 litros de mel apenas numa colmeia. Já cheguei a tirar mais de 200 litros por ano, mas a média anual ultrapassa os 100 litros. E isto porque só cresto uma vez”, revela Manuel Antunes, que presentemente possui 23 colmeias em Selada das Pedras.
A extracção do mel é o objectivo primordial deste apicultor, mas desengane-se quem pensa que esta actividade se resume apenas a isso. “Aproveito os resíduos do mel e das ceras para fazer água-ardente de mel. Trata-se de uma bebida muito boa e que é bastante apreciada”, finaliza ‘Ti Manel’.
